terça-feira, dezembro 12, 2006

Estamos na reta final... Mas nada de pânico!


Caros alunos,

Só para relembrar...
Segue novamente as informações sobre as nossas avaliações finais e especiais:

Turno manhã:

Dia 14 de novembro: Prova formal final de Jornalismo Online - Valor 30 pontos. Matéria: todo o conteúdo do Blog e das aulas. Os outros 20 pontos são os textos do site (trabalho interdisciplinar) que serão avaliados novamente. Favor gravar o site com os textos em um CD e entregar no dia da prova final de Jornalismo Online. Serão avaliados os textos, layout e todas as características do Jornalismo Online presentes nos textos e no site.
Prova Especial: Terça, dia 19 de novembro, segundo tempo

Turno Noite:

Dia 15 de novembro: Prova formal final de Jornalismo Online - Valor 30 pontos.Matéria: todo o conteúdo do Blog e das aulas. Os outros 20 pontos são os textos do site (trabalho interdisciplinar) que serão avaliados novamente. Favor gravar o site com os textos em um CD e entregar no dia da prova final de Jornalismo Online. Serão avaliados os textos, layout e todas as características do Jornalismo Online presentes nos textos e no site.
Prova Especial: Segunda, dia 18 de novembro, segundo tempo

Atenção: As notas finais serão lançadas no dia 18 de novembro, segunda de manhã, com as devidas correções - para mais ou para menos, para compensar as notas lançadas nos 30 pontos, para mais ou para menos.

Museu da Língua Portuguesa - Só por curiosidade

Caros,
Para quem já foi e para quem ainda não foi...
O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, cita, em uma das partes de sua exposição, a evolução da nossa língua e a importância da internet e das novas tecnologias ao influenciar o nosso idioma. Confira um pouco disso nas fotos abaixo. Para visualizar em tamanho maior, basta clicar nas imagens.


































segunda-feira, dezembro 04, 2006

Texto Complementar: "À prova de pirataria"

À prova de pirataria

Bandas musicais, pólos de cinema e centrais literárias. Como esses negócios aprenderam a usar a livre cópia digital para disseminar seus produtos e gerar lucro




VIABILIDADE ECONÔMICA Carolina em banca de camelôs no Rio.
Ela estuda os lucros dos negócios alternativos


Novos sonhos povoam a África. Nos últimos anos, uma das profissões mais almejadas pelos jovens da Nigéria, um país devastado pela guerra civil, é ser ator de cinema. Eles não sonham com os grandes estúdios de Hollywood, quase do outro lado do mundo. Querem ser astros de Sururulere, distrito de Lagos, a capital do país, onde se concentra uma vigorosa produção cinematográfica que emociona milhões de espectadores em todo o continente africano. Esse pólo de cinema já foi apelidado de Nollywood, em referência à Bollywood, de Bombaim (hoje Mumbai), na Índia. É um dos maiores centros de produção do mundo. Lança cerca de 1.200 títulos por ano, o dobro da Hollywood original, de Los Angeles, nos Estados Unidos. Estima-se que o cinema nigeriano gere US$ 250 milhões ao ano, a terceira maior receita do mundo. Isso num país onde não há nenhuma sala de cinema.

A Nollywood africana só conseguiu chegar a esse ponto porque desenvolveu um sistema de produção e distribuição de filmes inovador. A produção é bancada por um investidor local. Cada filme costuma custar cerca de US$ 50 mil. A gravação e edição, com equipamento amador, levam em média duas semanas. São dramalhões populares que lembram novelas mexicanas. Os títulos são vendidos por uma rede de camelôs em DVDs e VCD (um formato de vídeo em CDs). Não custam mais que US$ 3, preço competitivo com a cópia ilegal.

"As periferias globais se apropriam da tecnologia para gerar indústrias locais, às vezes mais fortes que as tradicionais", afirma o advogado Ronaldo Lemos, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro. Ele coordena o Projeto Open Business, um estudo internacional de casos de negócios baseados em formas alternativas de direitos autorais.

O Brasil também tem sua Nollywood. Só que musical. Qualquer pessoa que mora na Região Norte do país já recebeu um convite para um show de tecno-brega ou calipso. O gênero foi popularizado pela Banda Calypso. O brega faz multidões suar em festas nas grandes cidades da Amazônia. Também sustenta uma indústria local que lança 400 CDs por ano. Eles são gravados em pequenos estúdios e replicados pela própria rede informal dos camelôs. Custam menos de R$ 3. Geralmente, não têm copyright. "Eles servem apenas para divulgar as centenas de bandas que surgem todo ano", afirma a advogada Carolina Rossini, da FGV. "Os artistas ganham dinheiro mesmo nas festas pagas."

Na saída dessas festas, é comum a venda de CDs gravados ao vivo ali mesmo. "É a chance de levar para casa uma lembrança daquele evento. Para personalizar cada gravação, durante a apresentação os artistas falam várias vezes o nome do bairro ou cidade onde estão", diz Carolina. Uma das revelações do cenário paraense é a banda Amor Perfeito, da dupla Flávia Anjos e Patrícia Lia. O CD de estréia, lançado de forma independente, vendeu 50 mil cópias oficiais em um ano. Fora as ilegais. "Não sou a favor da pirataria. Mas, pensando pragmaticamente, a distribuição até ajudou a divulgar a banda", diz o empresário Marcos Klautau. O grupo faz dois shows por semana. Em alguns, reúne 15 mil espectadores e fatura até R$ 40 mil.

Um sistema semelhante também sustenta a indústria do funk carioca. Gente como Tati Quebra-Barraco e Deise Tigrona não estourou por conta do trabalho de marketing de nenhuma grande gravadora. Seu nome - e de suas músicas - cresceu na base do boca a boca de quem freqüenta os bailes funk do Rio de Janeiro. "A grande mídia lançadora dos artistas de funk são as festas", diz o antropólogo Hermano Vianna. "Algumas músicas estouram nos bailes, com febres de danças novas e tudo, sem nem tocar no rádio." Os discos, como a rádio, funcionam como divulgação complementar para popularizar o artista e atrair mais gente para as festas. É no preço do ingresso que os funkeiros faturam.

É possível também montar sistemas alternativos de produção e distribuição cultural para literatura. Um grupo de escritores mexicanos criou a Tortilleria Editorial, uma espécie de editora virtual. Em 2004, uma associação de autores montou um site em que qualquer um pode depositar seu livro. Hoje, ele conta com 138 obras de 200 autores. Todos abrem mão da proibição às cópias. O esquema funciona como uma cooperativa informal. Quem deposita ali sua obra tem o direito de imprimir o livro de qualquer outro autor, vender como bem entender e embolsar o dinheiro.

Os casos da Nigéria, de Belém e do México são apontados como exemplos de soluções que o mercado encontrou naturalmente para contornar a pirataria da era digital. Hoje, essas novas formas de produção cultural são propostas pelo movimento Creative Commons. A idéia, lançada pelo advogado Lawrence Lessig, da Universidade Stanford, preconiza um sistema flexível de propriedade intelectual. Na forma idealizada por Lessig, o autor pode autorizar vários tipos de liberdade, como reprodução sem fim lucrativo, livre cópia digital, cópia xerox ou até remixagem com fim lucrativo. "Em algum momento, os cineastas da Nigéria e os artistas do brega paraense caminharam, por necessidade, para esse novo conceito de direitos autorais", diz Carolina, da FGV.

Sistema ideal? Nenhum observador acredita que o sistema alternativo dessas indústrias culturais periféricas seja ideal. Principalmente porque parte dele funciona à margem da lei. Essas idéias também já são adotadas por economias mais centrais. Para lançar seu último álbum, a banda alternativa canadense Barenaked Ladies soltou no site de relacionamento My Space as faixas de mixagem de 26 músicas inéditas. Os admiradores podiam não só baixar as canções, como editá-las como bem entendessem. De graça. Quem quisesse poderia tocar guitarra em cima da linha de bateria. Ou colocar a própria voz na base instrumental. Fãs que também são artistas em potencial. Afinal, assim como na África, os jovens canadenses também sonham com a fama.

Revista ÉPOCA, por Alexandre Mansur
Edição 444 - Nov/06