quinta-feira, setembro 14, 2006

Texto Complementar: Vale a pena parar alguns minutos e ler... Capa da Revista Veja dessa semana!

A nova era da televisão

O YouTube, o site de vídeos mais popularda internet, está transformando a relaçãodo espectador com o mundo da imagem.É uma revolução que marca o fim da TVcomo se conhecia até hoje

Revista Veja, 11 de setembro de 2006, Marcelo Marthe


Às vezes as pessoas não percebem imediatamente que uma revolução está em andamento. É o que acontece agora em torno do site YouTube, que se tornou um dos mais populares. De 2,5 milhões de visitantes mensais há cerca de um ano, sua audiência pulou para quase 50 milhões em julho passado. O que ele oferece? Clipes de no máximo doze minutos, que os próprios usuários acrescentam ao acervo, a respeito de quaisquer assuntos. Lá estão filmagens históricas, trechos de seriados ou novelas, vídeos independentes, cenas caseiras de um bebê sorrindo ou de bichinhos de estimação. Qual a graça? A primeira é a de que 100 milhões desses clipes são baixados diariamente por usuários de todas as partes do mundo. A segunda é a de que o YouTube significa que embrionariamente o YouTube e seus concorrentes estão reinventado a maneira como as pessoas vêem televisão.

Não é pouca coisa. A internet tem uma capacidade quase infinita de armazenar dados, e seus servidores são enriquecidos segundo a segundo de maneira voluntária por milhões de fornecedores de conteúdo – os próprios usuários. Nenhuma rede de televisão pode concorrer em ineditismo e variedade com o YouTube. O mundo inteiro assistiu, por exemplo, às imagens de Fidel Castro num leito de hospital recebendo a visita do colega venezuelano Hugo Chávez. As televisões mostraram o encontro em um pequeno flash de alguns segundos. Pois no YouTube tem-se imagens, com sons, de quase dez minutos da visita. Quem se interessa por tanta intimidade com dois dos mais detestáveis tiranos da atualidade? Pouca gente. Mas quem quiser ver está lá. Ao alcance de um clique de um computador ligado à internet por banda larga.

Quem se interessaria por ver clipes do show-cult inédito de Bob Dylan The Rolling Thunder Review nos anos 70? O filme é ruim, mas as músicas são ótimas. Estão quase todas lá. Não apenas Fidel e Dylan. Pense ao acaso em qualquer político, compositor, cantor, ator, poeta, escritor, uma celebridade qualquer e a chance de encontrar um clipe inédito do sujeito no YouTube é maior do que garimpar a mesma raridade em qualquer outra fonte do universo.

Imagine que o YouTube é apenas o começo, um negócio ainda deficitário que consome mensalmente cerca de 500.000 dólares dos 11,5 milhões de dólares que recebeu de um VC, a sigla de "venture capitalist", ou investidor aventureiro pronto a apostar em qualquer coisa que faça marola no infinito mar da internet. Imagine que a banda larga vai chegar a mais e mais casas pelo mundo. Imagine que mais pessoas terão suas próprias câmeras de vídeo e seus próprios aparelhos de capturar e digitalizar imagens – sejam as de televisão, as dos velhos filmes super-8 guardados no porão, sejam as capturadas em arquivos de museus nos cantos mais recônditos do mundo. Imagine tudo isso, e a realidade do que representa a oferta de vídeos pela internet vai superar tudo.

Já faz algum tempo que a experiência de ver TV se modifica. Assistir a uma novela das 8 ou a um programa de domingo é coisa que as pessoas ainda querem, e provavelmente continuarão querendo. É algo que se faz com a família, e que se pode comentar com os amigos no dia seguinte. Mas, ao lado dessa experiência coletiva e compartilhada, o público também deseja ter maior autonomia e possibilidade de escolha daquilo a que vai assistir. A popularização dos canais pagos, no início dos anos 80, foi um primeiro passo para satisfazer esse desejo. O processo continua se aprofundando, com a chegada de tecnologias que dão ao espectador a oportunidade de ver TV quando e onde ele quiser. Hoje, 14 milhões de americanos dispõem de sistemas digitais como o TiVo, que permite gravar e recuperar programas a qualquer hora. A oferta de programação para aparelhos portáteis também já é uma realidade. Grandes empresas investem pesado para disponibilizar conteúdo de vídeo em computadores, iPods ou celulares. Steve Jobs, o visionário executivo da Apple, foi pioneiro ao fazer uma parceria com a Disney e colocar à venda no iTunes, a loja virtual de sua empresa, filmes, videoclipes e episódios de seriados. Outras redes de televisão e estúdios de cinema se apressam em explorar essa seara.

Mas sites como o YouTube representam um passo além na direção da "TV personalizada". Eles são comunidades para quem gosta de ver, comentar e fazer vídeos. Quando alguém acessa o site, encontra um catálogo de milhões de clipes, que pode explorar por meio de um sistema de busca com alto grau de precisão. Se ele procura por vídeos sobre o presidente Lula, por exemplo, achará registros de suas aparições recentes em telejornais, ou na propaganda eleitoral na TV. Pode também recuperar imagens do passado, como as de Lula nos debates das eleições de 1989. Ou ainda conferir uma enxurrada de críticas e sátiras ao candidato. O usuário pode opinar sobre tudo isso por escrito – e também acrescentar um vídeo próprio ao conjunto. "Ao transportar a lógica de um site de relacionamentos à experiência de assistir a vídeos, o YouTube rompeu de vez com os paradigmas da TV tradicional", diz o executivo Marcello Póvoa, especialista no mercado de internet. "O espectador agora interage com aquilo a que assiste e se torna senhor da própria transmissão da TV."

A história de sucesso do YouTube soa como várias outras que se conhecem no mundo da internet: numa garagem no Vale do Silício, região que concentra a indústria de alta tecnologia nos Estados Unidos, dois engenheiros de 20 e poucos anos, Chad Hurley e Steve Chen, desenvolveram uma nova ferramenta com o intuito de facilitar a troca de vídeos de uma festa de sua turma sem entupir a caixa de e-mails ou travar o computador dos amigos. O boca-a-boca fez com que o número de usuários explodisse. Hoje, vêem-se mais de 100 milhões de vídeos por dia no site. E ele cresce como um organismo vivo: todos os dias, 35.000 novas "atrações" são acrescentadas a seu acervo pelos usuários.

Embora o YouTube seja responsável por boa parte do tráfego de vídeos na internet atualmente, todo um mercado fervilha a seu redor. De fato, sua explosão coincide com (e ajudou a desencadear) uma verdadeira corrida ao vídeo na rede. De olho em previsões como a de que a veiculação de imagens na internet deve aumentar dez vezes no mundo até 2010, potências do ramo como a Microsoft de Bill Gates, o Google e o Yahoo! também vêm investindo pesado em serviços similares – cada qual com seus atrativos e suas deficiências. No ano passado, o magnata Rupert Murdoch desembolsou 580 milhões de dólares para comprar o site MySpace, a maior comunidade virtual do planeta. Pretende valer-se dele como canal de distribuição do conteúdo produzido por seu conglomerado, que inclui companhias como a Fox. Recentemente, a Sony adquiriu o Grouper, um concorrente menor do YouTube, por 65 milhões de dólares. A escala dos investimentos leva especialistas a apontar que, se fosse vendido hoje, o YouTube não custaria menos de 1 bilhão de dólares.

A onda é engrossada ainda pelas maiores interessadas no negócio: as redes de televisão. No Brasil, emissoras como a Globo e a Record já transmitem vídeos de suas atrações em seus respectivos sites. E a MTV acaba de lançar no país o Overdrive, uma versão do canal para a internet. Sucesso nos Estados Unidos, onde registrou mais de 400 milhões de acessos em pouco mais de um ano de funcionamento, o site é uma amostra de como o casamento com a internet está transmutando a TV. O usuário pode acessar os clipes do acervo da emissora e freqüentar canais exclusivos para seu gosto musical, seja ele metaleiro, seja ele fã de pagode. Pode ainda criar os próprios vídeos, recuperar cenas de programas e ver extras que vão desde os bastidores de um programa até ensaios de bandas de rock. Ou seja: pode tudo e muito mais do que encontra na MTV convencional

O sucesso em vídeo na internet já se tornou um atalho para a presença em grandes redes de televisão. No ano passado, o produtor americano Bill Lawrence apresentou o piloto de uma série cômica sobre os bastidores da TV à rede Warner. Nobody's Watching (Ninguém Está Assistindo) foi considerada um mau negócio e rejeitada. Em junho passado, no entanto, trechos do piloto foram postados no YouTube. Em um mês, o programa foi acessado por mais de 600.000 pessoas, o que levou a NBC, concorrente da Warner, a comprar seus direitos. Seis episódios para veiculação na internet estão em produção, e Lawrence trabalha numa versão da série para a TV. Há ainda outro exemplo emblemático. Em 2001, três amigos que tentavam em vão ser atores e diretores lançaram um site chamado The Lonely Island para divulgar impagáveis vídeos musicais e uma paródia de seriados juvenis. O grupo ganhou tal celebridade na internet que acabou chamando a atenção do Saturday Night Live, o mais antigo humorístico americano. Eles foram contratados, e logo passaram a produzir no programa o mesmo tipo de material. "A internet é o maior amplificador do boca-a-boca que já se viu", diz o jornalista americano Chris Anderson, autor do livro A Cauda Longa (Editora Campus), uma visão inovadora sobre por que a internet alterou para sempre a lógica do mundo do entretenimento.

Anderson chama a atenção para um fato-chave: o espaço quase inesgotável de que a internet dispõe para armazenar informações. "Isso é de extrema importância quando se pensa em vídeo, pois a televisão tem sido, até hoje, o meio de comunicação que mais desperdiça seu conteúdo, já que não consegue reexibir sua produção acumulada", disse o autor a VEJA. (Essa riqueza já começa a ser explorada no Brasil por garimpadores como o auxiliar contábil mineiro Adriano Silva, que desde os anos 80 vem colecionando imagens dos programas dos quais é fã, de folhetins da Globo ao Show de Calouros de Silvio Santos, e hoje as compartilha no YouTube.) Anderson vai além ao extrair as conseqüências lógicas desse espaço ilimitado de armazenamento: a internet favorece o surgimento de nichos. Coisas que parecem ter pouca chance de atrair atenção, e portanto nunca encontrariam espaço em meios de comunicação tradicionais, ficam em exibição na internet e eventualmente conquistam seu público. A "cauda longa" de que fala o livro é a curva de audiência de um site como o YouTube. Seu pico ainda é representado pelos grandes sucessos. Atrás deles vem uma infinidade de vídeos que hoje podem interessar a uma única pessoa, mas amanhã... bem, amanhã nunca se sabe.

A internet tem capacidade de amplificar a um nível surpreendente fatos que de outra forma teriam tudo para passar despercebidos. Qualquer gafe cometida no ar é disseminada graças a ela em questão de horas (ou minutos). Quando o apresentador esportivo Fernando Vanucci surgiu no vídeo meio grogue, durante a Copa do Mundo, o vexame foi visto na rede por mais de 1 milhão de pessoas, audiência seis vezes superior à de seu programa na Rede TV!. A gafe do cantor sertanejo Daniel, que elogiou por engano o Teleton, campanha beneficente do SBT, num show do Criança Esperança, da concorrente Globo, também passaria batida não fosse sua divulgação no YouTube – para azar de Daniel, as imagens entraram até no ranking semanal das mais vistas no mundo. Esse fato aponta para aquilo que outro teórico – Richard Lanham, professor de inglês da Universidade da Califórnia e presidente de uma empresa de consultoria – chama de "a economia da atenção". No livro que leva esse título, Lanham argumenta que, ao contrário do que já se propagou, a informação não é a principal moeda da economia virtual. Na internet, a informação é abundante, virtualmente ilimitada – e, portanto, muito barata. Outro elemento passa a valer ouro: a capacidade de despertar a atenção das pessoas.


O AGITADOR DA REDE Antônio Tabet, o Kibe LocoO publicitário carioca Antonio Tabet pertence a uma nova categoria de comunicador: o blogueiro. Há quatro anos, ele criou o Kibe Loco, blog de humor com mais de 50 milhões de acessos. A especialidade de Tabet – também roteirista do programa de Luciano Huck na Globo – é garimpar cenas engraçadas da TV, enriquecendo-as com comentários e montagens. Fez um remix da declaração de Lula no Jornal Nacional de que "a única coisa que cai no país é o salário". Veiculou também as imagens do apresentador Fernando Vanucci meio grogue no vídeo. "O que me fascina é poder expor o que desejo sem passar por nenhum filtro editorial", diz.



Tome-se o caso de um dos maiores fenômenos brasileiros no YouTube, o curta-metragem Tapa na Pantera. O filme de pouco mais de três minutos, no qual a atriz Maria Alice Vergueiro interpreta uma patética velhinha viciada em maconha, foi uma produção feita de improviso e sem nenhuma pretensão por um trio de jovens cineastas paulistanos. Veiculado no site à revelia de seus criadores, o curta virou um hit com mais de 1 milhão de acessos. Nessa nova ordem do vídeo, ganharam expressão figuras como o publicitário carioca Antonio Tabet. À frente do blog Kibe Loco – visitado mais de 50 milhões de vezes desde que entrou no ar, há quatro anos –, ele é um dos grandes agitadores da internet brasileira e ajudou a produzir alguns dos principais fenômenos nacionais dos chamados "vídeos virais" – clipes que viram mania ao ser propagados por correntes de e-mail. A página de Tabet no YouTube já contabiliza mais de 6 milhões de acessos e chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking mundial de canais do site na semana passada.

Ainda há um longo caminho para sites como o YouTube rivalizarem com a TV tradicional, é claro. Nos Estados Unidos, onde essas mudanças se encontram em estágio mais avançado, o cidadão médio assiste a quase cinco horas de TV por dia, de acordo com a Nielsen, empresa que monitora a audiência no país. Na outra ponta, o visitante típico do YouTube não gasta mais que dezesseis minutos diários no site. Mas há sinais claros de que essa realidade está mudando. A tendência óbvia é que a internet também tire um naco cada vez maior disso. Como sempre, os jovens estão na vanguarda das mudanças – nos Estados Unidos, a faixa etária dos 18 aos 26 anos já dedica mais tempo à internet do que à TV e é a maior consumidora de vídeos na rede. No Brasil, de acordo com a pesquisa Target Group Index, do Ibope, o pessoal na faixa dos 12 aos 24 anos gasta mais tempo navegando na internet que a média do universo analisado – o público AB das principais regiões metropolitanas do Brasil. Entre 1999 e o ano passado, o tempo devotado por eles à internet passou de três para dezesseis minutos diários. Seguindo a tendência da segmentação, a TV paga cresceu em popularidade junto aos jovens, enquanto a televisão aberta perdeu espaço em sua rotina.

Apesar de evidenciar toda a sua força com os jovens, a explosão do vídeo na internet é um fenômeno de efeitos globais. A semana do último 4 de julho, data em que os americanos comemoram o Dia da Independência, foi a de menor audiência em toda a história da TV no país. É verdade que tradicionalmente se registram recordes negativos no feriado – mas o fato é que a cada ano os números pioram. Nos Estados Unidos dos anos 50, um hit da televisão aberta como I Love Lucy monopolizava em média 68% dos espectadores no horário nobre. Já o maior sucesso das redes americanas no ano passado, American Idol, não atraiu mais que 27% deles. Embora seja impossível estabelecer uma relação direta, os especialistas não têm dúvidas de que a internet está tirando público da TV. Os homens entre 18 e 34 anos – um dos segmentos mais desejados pelo mercado publicitário – hoje gastam menos tempo com ela. Não por acaso, empresas como o McDonald's vêm deslocando seus investimentos em propaganda das redes de TV para a internet. Já foi dito que a Coca-Cola e a Pepsi não disputam apenas entre si – tudo o que o consumidor encontra ao abrir seu refrigerador é competição potencial para um refrigerante. Pode-se aplicar a mesma lógica ao mundo da imagem. Tudo o que prende a atenção numa tela – um monitor de computador, de videogame ou de televisão sendo usado para algum outro fim – é competição para as grandes redes.

O surgimento de sites como o YouTube só foi possível graças aos avanços recentes nas tecnologias do vídeo. Com a chegada ao mercado de câmeras digitais mais potentes e baratas, além dos celulares dotados de câmeras, nunca foi tão simples dar uma de cineasta amador. Mais que qualquer coisa, contudo, o que contribuiu para a popularização do vídeo na internet foi a evolução das tecnologias de transmissão e compressão de dados – e o que se vê hoje é só o começo. Mas ainda há gargalos dramáticos a vencer. A pergunta que os analistas se fazem é como o YouTube passará de uma comunidade cultuada a um negócio lucrativo. Os custos de manutenção do site, como já dito, são estratosféricos. De acordo com um concorrente ouvido pela revista inglesa The Economist, os gastos do site para manter uma conexão de banda larga que dê conta de sua demanda e servidores com capacidade para armazenar seu acervo ficam na casa dos 500.000 dólares mensais. Seus fundadores ainda buscam um jeito de ganhar dinheiro com ele. Há duas semanas, foi veiculada sua primeira campanha oficial de propaganda: uma página com conteúdo pago pela gravadora da patricinha e dublê de cantora Paris Hilton para divulgar o novo disco da moça. A questão que se impõe é como faturar sem afugentar um usuário que toma parte sem pudor nas correntes de "marketing viral", mas é avesso ao assédio da publicidade convencional.

Outra dúvida que paira sobre o YouTube diz respeito aos direitos autorais. O site tem como conduta retirar do ar os vídeos que geram reclamações de empresas e artistas, mas parece uma missão impossível filtrar tudo o que é postado nele. Os mais céticos apostam que ele poderá tornar-se para o mercado de vídeo na internet aquilo que o Napster representou para a troca de música na rede: uma iniciativa pioneira que se afundou numa enxurrada de processos. Pode até ser. Mas, assim como o Napster mudou a indústria da música, a revolução do YouTube já estará consumada.

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1 Comments:

At 10:38 AM, Anonymous Anônimo said...

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